Ao retornar de viagem, vinte e cinco dias pela Bolívia, Peru e Brasil Central, definitivamente, algo mudou
Comigo vieram muitas fotos e as ruínas da cidade inca de Machu Picchu foram as mais comentadas. Todos queriam saber da minha emoção, se senti algo transcendental. Disse que é difícil de acreditar que aquilo é obra de seres humanos, considerando a data de construção, a precisão dos entalhes nas rochas e encaixes, a capacidade de conceber algo arquitetonicamente tão preciso e esteticamente tão admirável. Tudo cravado em meio a montanhas que até hoje são de difícil acesso.
Lá encontrei um canto sossegado e enquanto observava milhares de turistas, formigas coloridas circulando por um labirinto de pedras, pude elevar meu pensamento e agradecer por estar alí !
E o sentimento que experimentei foi de indignação. Pensar que civilização tão avançada, cuja cultura inspira estudiosos, artistas, historiadores e escritores de todo o mundo, foi dizimada pela ganância dos espanhóis, estúpidos conquistadores !
Indignação. Minha companheira de viagem pela américa do sul. Um peso extra que insistia sobre minha consciência. A cada cidade, em cada rua, dentro dos mercados, feiras-livre, praças e becos, lá estavam, os herdeiros da miséria e do descaso, o povo.
Foi nesse contato diário que busquei a emoção para fazer as melhores imagens. As fotos das quais me orgulho e que contam uma estória de superação e aceitação sem revolta dos sofrimentos da existência.
Transcedência ? Experimentei sim. Eu não estava em nenhum sítio arqueológico. Era um deserto de sal, o UYUNI, estava diante de três crianças e a estória começou assim... (Leia "Las chicas")
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